sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Explicação da Ausência

"Desde que nos deixaste o tempo nunca mais se transformou
Não rodou mais para a festa não irrompeu
Em labareda ou nuvem no coração de ninguém.
A mudança fez-se vazio repetido
E o a vir a mesma afirmação da falta.
Depois o tempo nunca mais se abeirou da promessa
Nem se cumpriu
E a espera é não acontecer — fosse abertura —
E a saudade é tudo ser igual."

Daniel Faria

(colhido, com a devida vénia, em fábulas incompletas)

2 comentários:

josé luís disse...

escrivaninha [o nome até é cómodo, embora seja um pouco bizarro falar com peças de mobiliário :)]:

vénia faço eu às suas fabulosas palavras sobre a palavra fabulosa.
e fico orgulhoso de ter escolhido aquelas que também dizem algo a outros.
portanto, colha as palavras que quiser no meu palavrog, as minhas ou as das fábulas alheias (como é o caso deste belíssimo poema de daniel faria).
assim que as escrevemos as palavras deixam de ser nossas, ganham a sua vida própria, e só faz sentido serem livres, andarem por aí, em livros ou blogues - essa é a beleza única da sua pluralidade (e só os cultores da palavra oral discordam....), não é?

Escrivaninha disse...

Obrigada.
A escolha de «escrivaninha» é porque eu me sinto cómoda (oh! outra peça de mobiliário...) escondida atrás de muitas gavetinhas.
E acho graça a este anonimato...a esta característica do ciberespaço, que nos permite convivermos só com os seres interiores divulgados nas nossas palavras. Talvez assim sejamos assumidamente imaginados pelos outros...como sempre somos afinal.